“Músicas que Enfeitam Paredes”

músicas que enfeitam paredes

Lembro quando Lobão encartou um álbum dentro de uma revista. Foi uma comoção, porque foi diferente. E foi no Brasil – olha que pioneiro. Ainda hoje, sempre que um músico/banda inova no lançamento de um álbum (como Radiohead tipo freeshop, Björk tipo Matrix), vem a mídia, geralmente especializada e ovaciona o que poderia ser um caminho alternativo e bem sucedido fora dos padrões da indústria. E é. Na verdade são, afinal, a música nunca foi tangível, mas sempre ouve alguns bem-aventurados que tentaram transgredir, de diferentes maneiras.

O mais interessante é que, nesse caminho, a estratégia surge como forma de desmaterializar a arte e comercializar o desejo. Não é uma campanha de marketing, mas um redesenho do formato inspirado pelo conceito, próprio e único do projeto. Assim, dá pra ampliar as possibilidades de divulgar e atrair ainda mais admiradores, que se tornam compradores e levam pra casa a música + um conteúdo complementar, muito além da embalagem habitual.

Então, recebi a indicação de um projeto visual super bacana, o Músicas que Enfeitam Paredes. Abri o link do site e vi primeiro, uma série de ilustras bacanas com um CD pregado no meio. Bom, fui mexer com outra coisa e voltei pra fuçar mais um pouco. Aí entendi, que o projeto era o plano de fundo do lançamento do EP do músico curitibano Gabriel Gariba, que também é artista gráfico e que, nesse bem bolado, transformou cada faixa do álbum em um quadro. Não é legal?

São esses os casos em que vemos a criatividade aplicada a possibilidade e eu quero muito um quadrinho que toca música. Agora fiquei com uma dificuldade em falar das ilustras ou do álbum. Enfim, faixa a faixa, Músicas que Enfeitam Paredes se torna tão bem amarrado e é dessa sensação deliciosa de viver a sua casa e dividir seu espaço e suas coisas que surge o “disco”, porque me perdoe o romantismo, quem divide um teto sabe que entre possíveis turbulências, seu amor se torna palpável, todo dia, morando com você.

Como o próprio Gabriel diz: “Você pode pensar nesse projeto como um álbum musical, assim como um quadro legal para enfeitar sua parede”. Eu digo apenas, que, esses artistas que encontram um jeito inusitado de apresentar seu trabalho, merecem um espaço no seu player e, quem sabe, sua casa não ganha um presente.

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