Pensou Caymmi, Pensou Brasil
Em um país tão imenso quanto o nosso, poucos são os artistas que conseguem se fincar na cultura de uma maneira que qualquer cidadão que tenha nascido durante sua carreira (ou nas gerações seguintes) não o conheça de uma forma ou de outra. Dorival Caymmi é um desses que conseguiu se infiltrar no imaginário popular por justamente saber dialogar com ele tão bem na linguagem artística que fosse.
Não quero falar de nacionalismo nenhum, mas esse processo acaba nos ajudando a reconhecermos a nós mesmos como brasileiros. São músicas que você não se dava conta que conhecia (ou mesmo que sabia cantá-las) e quadros com formas e cores que exalam a mesma brasilidade de suas harmonias musicais.
Se olhar para essas imagens já começam a te evocar alguma música popular tupiniquim, saiba que você não está sozinho nessa. Caymmi parecia pegar suas inspirações das mesmas fontes tanto para as telas, quanto para as partituras e imprimia a mesma sensibilidade a ambas.
Toda sua obra já parece familiar desde o primeiro contato. Você vê seus quadros ou ouve suas composições e tudo tem o mesmo tempero, o mesmo cheiro. É gosto de casa, gosto de infância, de aula de educação artística e de saudades – talvez a mais brasileira de todas as palavras da língua que herdamos dos portugueses.
Como Jorge Amado uma vez disse, “Caymmi é uma flor nascida lá em cima que desabrocha de toda essa terra trabalhada, da cultura popular adubada com suor, com sangue, com sonho, com esperança, com todas as dificuldades possíveis que o homem encontra, com toda a magia, e que de repente produz uma flor de cultura, uma coisa esplêndida, única, luminosa, que é a obra de Caymmi, desse poeta extraordinário”.
Não importa onde você estiver no mundo, você vai ter contato com a obra desse artista e pensar (ou repensar) suas origens.
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