Trilhas Sonoras Para Se Deliciar
Nada como um bom filme! Melhor ainda quando acompanhado de um ingrediente essencial nas nossas vidas pavezeiras: boa música. Filme bom é aquele com trilha sonora bem produzida e bem editada. Conversation e O Poderoso Chefão foram pioneiros nessa premissa, possibilitando ótimas experimentações. Algumas das melhores produções do cinema contribuíram imensamente para o mundo da música e fazem com que confirmemos que imagem e som podem ser poderosas aliadas. Listo aqui algumas trilhas que acredito terem grande valor para a história do cinema, mas que, principalmente por impressionarem na qualidade musical, eternizaram-se tanto quanto os filmes.
Luzes da Cidade
Maestralmente orquestrada entre discursos políticos, sirenes de polícia e tantos outros ruídos infernais, a música. O cinema mudo precisava da trilha sonora mais que qualquer outro, mas raramente se vê tão excelente junção de trilha, imagem e enredo. Louvável do início ao fim, mas principalmente: que fim! Chaplin tem uma coleção de filmes com essa qualidade. O Garoto e O Circo, são bons exemplos. E o que dizer de Smile? Uma obra prima inserida em Tempos Modernos. Mas, em Luzes da Cidade, me parece que a trilha atinge outro patamar ainda mais alto. Última cena: a música induz uma atmosfera suave de descobrimento que se inicia no momento em que ele, o vagabundo, reconhece a garota e se suspende até o momento em que ela finalmente “enxerga” quem o vagabundo, na verdade, é. Impossível não sentir o derradeiro impulso de chorar.
Amor nos Tempos de Cólera
Lembro-me da primeira vez em que vi o trailer deste longa-metragem. Lembro que a primeira coisa que me pegou pela garganta foi a trilha sonora, que penetrou na minha alma em dois segundos, com o primeiro acorde de cordas. A surreal e arrebatadora história de Gabriel Garcia Marques ganhou, de repente, para nosso deleite, voz, na inesperada interpretação viceral de Shakira. O restante da trilha, instrumental, é um golpe de ar numa história de tirar o fôlego.
Orgulho e Preconceito
Impecável. Nunca ouvi uma trilha sonora tão bem arranjada quanto a de Orgulho e Preconceito. O trabalho mais do que inspirador de Dario Marianelli é soberbo. Talvez nem Jane Austin, ela mesma, pudesse imaginar que a complexidade e profundidade dividida nas diversas camadas de sua heroína, Elizabeth Bennet, pudesse ser representada em uma única cena como a de Liz no topo do mundo.
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
Numa composição bem à francesa, a trilha sonora de Amelie Poulin, feita por Yann Tiersen, figura entre as mais delicadas inserções de música no cinema. Escolhidas a dedo, as faixas eternizam os diversos momentos tingidos manualmente cena a cena deste filme que virou um clássico.
As Vantagens de Ser Invisível
“E nesse momento, eu juro: nós somos infinitos.” Com essa frase do protagonista, o filme confirma a sensação vertiginosa proporcionada por tomadas intrigantes do começo – em que o espectador se sente dentro de um carro olhando pela janela de trás – ao fim. Completa-se pela trilha sonora que dá o tom e o ritmo dessa sensação quase hipnótica e nauseante de ver o mundo passar através de um ponto de vista quase naïff, infantil, singular. Uma seleção de rock excelente.
O Rei Leão
Hakuna Matata a parte, é preciso admitir que quando a Disney não toca Tchaikovsky em suas animações, faz música à altura. Figura entre as dez trilhas sonoras mais vendidas da história, produzida por Hans Zimmer e ganhadora do Oscar de melhor trilha sonora em 1995. Imagino que O Rei Leão seja um excelente representante da animação tradicional nesta lista.
Highlander
Quem quer viver para sempre? Certamente um filme que marcou as gerações nascidas nas décadas de 1950 e 1960, Highlander trazia seis faixas originais do Queen em sua trilha que hoje figura como uma das mais marcantes do cinema. Posteriormente, as músicas foram inseridas no álbum A Kind of Magic da banda.
O Som do Coração
Além de emocionante, a trilha faz parte do enredo. A cada mudança a trilha surpreende, quando achamos que já não é mais possível. Destaca-se a cena em que August toca violão com seu pai sem saberem ainda que são pai e filho. Um pequeno gênio da música tocando violão de uma maneira minimamente inusitada. Nos atinge diretamente pela maneira como a música é o meio através do qual os personagens podem se encontrar, se reconhecer, viver. A sinfonia final é maravilhosa.
Fecho este artigo da mesma forma como comecei. Se o primeiro da lista era Luzes da Cidade por trazer a música como uma forma de encontro, o último filme fez disso sua história.
Faltou Na Natureza Selvagem com a fantástica trilha feita pelo Eddie Vedder.