Especial Pato Fu: Entrevista + Coletânea

Eleita no começo da década uma das melhores bandas do mundo pela revista americana Time, a banda mineira Pato Fu coleciona ao longo de seus 18 anos de carreira uma das videografias mais impressionantes da música brasileira. Conversamos com exclusividade com a vocalista Fernanda Takai sobre os clipes desde os anos 90 até o mais recente projeto Música de Brinquedo. Relembre os divertidos e belos trabalhos em vídeo do grupo e conheça mais sobre eles no Especial Pato Fu: Entrevista + Coletânea aqui no Música Pavê.

Depois (1999)

Música Pavê: O Pato Fu pegou a melhor fase da produção de videoclipes no Brasil, quando a MTV já estava consolidada e as gravadoras investiam mais nisso. Como foi para vocês ter a oportunidade de realizar grandes produções?

Fernanda Takai: Se a gente conseguisse, faria clipes para todas as músicas de cada álbum que temos. Fizemos isso uma vez no DVD do Toda Cura Para Todo Mal. São 13 clipes diferentes, feitos sem qualquer restrição ou briefing com os diretores. Pegamos do nosso próprio bolso uma verba que daria pra fazer 2 clipes caros e dividimos pra todo mundo viajar na maionese. Mas deu um trabalhão, muita gente atrasou a entrega. Embora o resultado tenha sido muito legal, não dá pra fazer isso sempre. Quando a BMG dava uma ajuda pra fazer clipes em película ou com uma produção maior de externas, por exemplo, era visível como a gente ficava feliz também. Ganhamos alguns prêmios nessa fase áurea do videoclipe.

Eu Sei (1998)

MP: A banda participa na concepção dos videoclipes? Para vocês, os clipes são a continuação da música ou peças publicitárias?

Fernanda: Nunca pensamos no clipe como uma peça de marketing e sim como uma linguagem artística que se soma à nossa música. Clipes publicitários ficam evidentes. Usam a mesma fotografia da propaganda de cerveja, telefonia, carro ou grande magazine do momento. Os artistas aparecem bonitões, poderosos… A gente sempre ia pro lado mais autoral. A nossa maior interferência é na escolha dos diretores mesmo. Quando chamamos alguém é porque gostamos da sua bagagem de produção, da forma como conta estórias. É importante dar ao diretor espaço para as ideias dele.

Eu (2001)

MP: Vocês costumam ser protagonistas dos videoclipes. Como é o processo de atuar, como em Eu, Made in Japan ou mesmo em Antes que Seja Tarde? Dá pra se divertir em meio a tanto trabalho?

Fernanda: É muito cansativo! Um clipão demora pelo menos 30 horas de gravação. Por isso quem faz cinema, tevê e teatro tem que nascer pra coisa… além de ter talento pra atuar, claro. Confiamos na direção. Pedimos sempre para que a gente não fique muito canastrão. E nunca foi exigência nossa aparecer. Fazemos isso quando o roteiro pede e o diretor tem total confiança no que podemos render.

Antes que seja tarde (1998)

MP: Qual clipe do Pato Fu é o mais marcante pra você?

Fernanda: Difícil demais responder essa… Não podemos nos esquecer da dupla Rodolfo Magalhães e Eduardo de Jesus aqui de Belo Horizonte que fizeram clipes muito importantes como Sobre o Tempo, por exemplo. Ali começou a nossa história bacana com os vídeos em 1993. Acho que Antes Que Seja Tarde do Hugo Prata foi um marco na nossa carreira por ter sido a primeira grande produção do Pato Fu, em 1998. Mas no ano seguinte, Made In Japan foi o que mais deixou a gente boquiaberto com o resultado. Depois de filmar tudo em fundo verde, quando vimos tudo aquilo que o Jarbas Agnelli e a equipe produziram, foi impactante. Agora o que tem a melhor edição e roteiro acho que é o Eu, dirigido pelo Luiz Ferré em 2001. É como um filme que você fica querendo ver mais! O Conrado Almada fez clipes muito especiais com a gente e logo depois passou a trabalhar muito com o Skank e o Jota Quest. Agora… um xodó é Uh Uh Uh La La La Ié Ié que tem os desenhos do Laerte, nosso ídolo máximo!

Made in Japan (2000)

Uh Uh Uh La La La Ié Ié (2005)

MP: Para fazer os vídeos do Música de Brinquedo, vocês se inspiraram nos videosongs do Pomplamoose? Como foi a experiência de fazer esses vídeos?

Fernanda: O primeiro clipe que fizemos foi da música Primavera, no começo de 2009, como um laboratório do que viria a ser o projeto. Não conhecíamos o Pomplamoose. Aliás, é diferente essa história. Nossos clipes estão mais pra making of descontraído do que pra uma montagem de “o que você vê, é o que está sendo gravado”, no espírito samples audiovisuais deles. Quando pensamos sobre o disco Música de Brinquedo pela primeira vez foi em 1996, depois de ouvir a turma do Snoopy cantando e tocando Beatles com instrumentos de brinquedo. Gravamos tudo de forma tosca, não tem luz, enquadramento ou fotografia esmerada como os deles. É mais desencanado. Colocamos a mão na massa durante a gravação do disco porque ninguém acreditaria que fizemos dessa forma se não estivesse registrado em vídeo. Como não tinha nenhum diretor por perto, fizemos sozinhos.

Primavera (2009)

Live and Let Die (2010)

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6 Comments on “Especial Pato Fu: Entrevista + Coletânea

  1. especial pro povo da década de 80.. e o tempo nao pára! parabens ao site!

  2. Muito bom saber de detalhes dos bastidores da Banda. Ver alguns clips, foi super legal. Parabens!

  3. Pingback: Mombojó – Papapa | Música Pavê

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