Coletânea: Michael Jackson

Icônico, inovador, ditador de tendências, Rei. Michael Jackson alcançou o título de majestade do Pop não foi à toa, afinal foram poucos os artistas que influenciaram tanto a produção cultural e mercadológica como ele. Dentre todo seu legado, nos ensinou a fazer e assistir videoclipes. Hoje, como não há mais muito o que se dizer sem soar repetitivo, nos cabe relembrar seus ensinamentos, embora a sensação seja que vai demorar muito para encontrarmos outro ícone pop à altura – se é que isso um dia vai acontecer. Entenda mais da genialidade e refinamento de sua obra com esta coletânea.

Black or White (1991) – Com estreia simultanea em 27 países, o que somou 500 milhões de espectadores, esse clipe feito por John Landis reunia astros como Macaulay Culkin e Tyra Banks, além de consagrar o morph como tendência absoluta na produção de vídeos daquela época. Ele se destaca ainda como exemplo do investimento que as gravadoras estavam percebendo que valia a pena fazer com produções de clipes. A guitarra característica da canção embala as imagens que mostram Michael pelo mundo inteiro, um planeta que ele já havia conquistado anos antes.

Thriller (1984) – Anos antes de Black or White, John Landis já tinha ajudado Michael a marcar uma geração com esse clipe/curta-metragem. Sua coreografia é referência até hoje e ele é considerado como o primeiro videoclipe a ter uma grande produção. A brincadeira com os diversos planos de realidade (filme, sonho, mundo real) que se interligam dá o cenário perfeito para a liberdade lúdica que o cantor gosta de trabalhar em sua obra. Esse universo de sonho é reforçado ainda mais pelas texturas (principalmente no figurino) e sombras bem definidas, que nos coloca no estado contemplativo e sensorial, como se nós também não soubéssemos se estamos sonhando ou não.

Bad (1987) – Outra coreografia icônica é a de Bad, clipe dirigido por Martin Scorcese que faz referência ao musical West Side Story. O original é um curta de 18 minutos, mas a sequência da canção foi o que entrou na memória popular (até por ter sido mais exibida do que todo o filme). Aqui, Michael e seus dançarinos interagem com uma câmera participativa, que passeia pelo cenário com eles. Todos os 4 minutos de vídeo são focados na dança e no carisma do artista, que se mostram como mais do que suficientes para nos prender a atenção.

Rock With You (1979) – Na época em que a linguagem do videoclipe ainda estava sendo desenvolvida, era justamente a coreografia e o carisma que eram enfocados nas produções, assim como os efeitos de edição. Rock With You mostra tudo isso, uma experiência videográfica bonita e alinhada com a produção cultural de seu tempo. A época disco fala alto no groove da canção e nas cores e brilhos estão presentes ali e Michael nos relembra que desde muito cedo já sabia transformar qualquer apresentação em espetáculo.

Billie Jean (1983) – Esse é considerado um dos primeiros videoclipes da “Era MTV”. Aqui, a linguagem do clipe já está mais fluente, misturando uma narrativa com a coreografia e um cenário pouco naturalista. O diretor Steve Barron montou uma produção que, para os olhos de hoje, pode parecer lenta, mas os cortes e recortes não só nos planos, mas na própria história, foram decisivos para a consolidação do modo de fazer clipes.

They Don’t Care About Us (1996) – Spike Jonze trouxe o Rei do Pop à favela para ilustrar a música sobre discriminação e exclusão social. Com participação do Olodum, Michael nos relembra seu impacto global e que atinge pessoas que entendem o que ele canta e as que nutrem admiração e veneração mesmo sem saber o que ele está dizendo. Falar sobre humanitarismo era também uma forma de resgatar sua própria condição humana, extinguida pela mídia e pelo mercado. O figurino pouco elaborado (que quase o confunde na multidão) e o grito ao final ajudam a reforçar esse lado humano, algo que ele mesmo parecia não ter muito controle – suspeita que nos aparece ao olhar para sua história de vida.

Scream (1995) – Com direção de Mark Romanek e participação de Janet Jackson, Scream carrega o status de uma das produções mais caras da história dos videoclipes. Marcado por efeitos visuais avançados para a época, cenários excelentemente desenhados e suas brincadeiras com a ausência de gravidade, esse vídeo é também um dos mais divertidos da carreira de Michael. O visual futurista e clean foi copiado à exaustão nos anos seguintes pelos mais diversos artistas.

Smooth Criminal (1987) – E por falar em brincar com a ausência de gravidade, foi com essa música que Michael conquistou o mundo com a leveza de seus movimentos, o que elevou para sempre o padrão dos melhores artistas pop, já que ele se mostra excelente não só na música, mas também na dança. Influenciada por Fred Astaire, sua coreografia provoca os gangsters em uma produção que não tem medo de estar na linha entre a ingenuidade e a violência. Simbolicamente, vemos o Rei influenciando as novas gerações imediatamente, quando o garotinho o assiste e começa a imitá-lo no beco. Dirigido por Colin Chilvers.

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