Ócio Mais Criativo do que Nunca

Desde a primeira vez que ouvi suas músicas, achei a Vivendo do Ócio uma das bandas mais bacanas dessa nossa geração Indie Rock no Brasil. Com bom humor e sotaque de Salvador, o quarteto lançou em 2009 seu primeiro álbum, Nem Sempre Tão Normal, que confirmava a cada faixa a energia juvenil e atitude rock’n’roll que os baianos tem. Agora, eles lançam O Pensamento É um Imã, trabalho que evidencia a maturidade deles, tanto a pessoal, quanto a profissional.

Com produção de Chuck Hipolitho e Rafael Ramos, o disco foi gravado no Rio de Janeiro e traz, desde a primeira faixa (Bomba Relógio), um som mais grave e menos festeiro do que aquele que consagrou a “VdO” – o que de maneira nenhuma significa que os fãs irão se decepcionar, não apenas por canções como Silas e Preciso me Recuperar manterem a pegada que a gente está acostumado que eles tenham, mas também porque as novas composições são, de maneira geral, superiores às do primeiro trabalho.

A terceira faixa, Nostalgia, deixa essa maturidade ainda mais evidente. Com um vocal mais melódico e introspectivo do que antes, Jajá canta: “Eu só queria tomar um vento na cara, me deu saudade da Bahia. Eu só queria passar um tempo lá em casa”. Dois Mundos, a canção seguinte, desacelera a vibe do rock tradicional e flerta com sons mais brasileiros e pop (em um vocal meio Rodrigo Amarante, do Los Hermanos e Little Joy) para entoar versos como: “Respiro fundo e penso por que o destino costuma tirar as coisas boas que a vida me dá. Se não mereço, por que vem me dar?”.

Radioatividade recupera a vibe e tem tudo para virar hit (e nova preferida dos fãs). O Mundo É um Parque fala sobre amadurecer (tema propício para o lançamento) e Por um Punhado de Reais tem uma letra sincera e otimista sobre expandir e crescer na via (de novo, propício). As duas antecedem O Mais Clichê, que, ironicamente, é a música com sonoridade mais inesperada em todo o álbum, com timbres que surpreendem e uma roupagem mais clean do que estamos acostumados.

Pra acabar, Eu Gastei te aquele “quê” de garagem meio Wasting Light do Foo Fighters, um encerramento ótimo para uma obra tão completa e rica. O lançamento oficial de O Pensamento É um Imã é dia 24 de janeiro e vamos acompanhar o barulho que o disco vai fazer ao longo do ano. Não é sempre que vemos uma banda conseguir se reinventar sem perder sua identidade como a Vivendo do Ócio acabou de fazer. “Maturidade” define.

Curta a entrevista exclusiva que fizemos com a banda em novembro, ou veja mais da Vivendo do Ócio no Música Pavê.

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