Resenha: Planeta Terra Festival 2012

Casa nova, um cancelamento, um show com um delay de 4 anos, ingressos longe de se esgotarem e a polêmica de sempre nos horários do line-up – esse foi o Planeta Terra Festival 2012.

Desde 2008, quando o Tim Festival fez sua última edição, a nossa esperança era o Paneta Terra Festival. O porquê da esperança? Dentre os vários motivos, o festival era o mais despretensioso de todos – vale lembrar do SWU que nesse ano não vai existir e não sabemos se verá a luz do sol em 2013. Com duração de apenas um dia e com apenas dois palcos, seu line-up era sempre bem gordinho e generoso. O auge do Terra veio quando ele encontrou seu novo espaço, o tão amado, mas extinto, Playcenter. O único problema, que existe até hoje, são os conflitos irritantes dos shows simultâneos. Tente escolher entre Phoenix e Hot Chip, The Strokes e Bombay Bicycle Club, Kings of e Leon e Gossip. Sim, é bem difícil.

Nesse ano o festival teve uma nova casa, o Jockey Club, que foi “descoberto” pelo Lollapalooza. Com uma estrutura menor que a do festival americano, a dificuldade de se locomover de um palco até o outro foi menor que no Playcenter, o que diminuiu o aborrecimento com os conflitos do line-up, mas ele acabou sofrendo um grande desfalque com o cancelamento de última hora do Kasabian, que era uma das bandas mais aguardadas pelo público e que não foi substituída. O espaço é ótimo para shows, mas infeliz para o Planeta Terra, que sempre foi um festival mais modesto que os outros e que somente no ano passado contou com uma banda de peso e capaz de esgotar os ingressos em cerca de 14 horas após os inícios das vendas, The Strokes.

O festival em si foi morno. Cheguei bem depois do começo, perdendo Little Boots, mas chegando a tempo para Best Coast, o que apenas constatou minha dúvida de sempre: Qual é o raio de critério de separação das bandas nos palcos? Essa foi, de longe, a mais destoante do Main Stage e completamente deslocada de seu espaço ideal. Mesmo ainda estando em seu segundo disco, a banda faz uma música “esquenta cadeira” (ou grama, no caso do Jockey Club) e que serve para um público e um local muito menor. O Main Stage acabou intimidando a dupla, que não conseguiu dar seu máximo.

best coast (foto de ricardo matsukawa/terra)

The Maccabees poderia ter ocupado o lugar do Best Coast. Mesmo sendo uma banda de encaixe perfeito no Indie Stage, ela consegue carregar mais gente do que a outra. Fazia tempo que o meu iPod não reproduzia uma música dos Maccabees, mas bastou soar as primeiras notas para tudo vir à memória e eu entender quão bons são os caras.

Chegou a vez da Azealia Banks e, pelos shows que havia visto na Internet, minhas esperanças eram baixas e se confirmaram. Azealia provavelmente não entende o poder de sua música e o quão boa ela é. Faltam elementos, mais empolgação. Falta um show. Um DJ, ela e dois dançarinos, todos com pouca, ou nenhuma, presença de palco fizeram do Indie Stage um lugar quase vazio. Vale lembrar a falha do som bem no meio da última música, 212, deixando os fãs cantando o refrão sozinhos.

The Drums mudou a cena e fez um show incrível como já havia feito por aqui em 2010. É um grupo perfeito para um local pequeno e fechado mas mesmo em festival não decepcionam. Sem surpresas, mas empolgante do mesmo jeito.

kings of leon (foto de ricardo matsukawa/terra)

Chegou a hora da escolha de Sofia: Kings of Leon, com um de seus únicos shows no ano, ou Gossip, com o show mais atrasado já visto no Brasil? Metade pra cada era justo. Kings of Leon começou sua apresentação com a maioria de seus hits, de forma bem justa e deixando sua música falar por si só, me deixando satisfeito.

Chegou então a hora de ver a tão aguardada e tão devedora banda. Bastou ver a cara da Beth e a alegria em seu rosto para perceber que ela sabia da dívida que estava pagando. Não faltaram respostas aos fãs, bandeira brasileira como vestido, arrotos e piadas como “We are the Kings of Leon” – disse a vocalista logo no começo do show. Gossip fez o show mais incrível do festival, se redimindo e agradando todos principalmente com a simpatia de Beth, que virou, sem sombra de dúvidas, a estrela do festival.

O Terra já teve edições melhores e infelizmente teve diversos erros nesse ano. A maioria se deve ao novo local que não combina com o clima do festival. O que nos resta agora é rezar para que seu destino não seja o mesmo que o tão amado Tim Festival.

Confira como foram os outros shows pela cobertura do Monkeybuzz:

Garbage | Mallu Magalhães | Madrid | Far From Alaska | Suede | Little Boots

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6 Comments on “Resenha: Planeta Terra Festival 2012

  1. engraçado não citarem o Garbage. inclusive porque eles sim fizeram o show mais incrível do festival. se vocês não viram, sinto muito. foi foda.

  2. Perderam um dos melhores shows do festival… Garbage foi SENSACIONAL!

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  5. Assisti Far From Alaska – banda ganhadora do concurso “Som Para Todos” – e achei o som deles bem legal. A Banda Uó conseguiu espantar a chuva e nos aquecer um pouco e eu achei o show deles bem animado e divertido, apesar de não ser fã de tecnobrega. Vi a pequenina – ela vai pra baixo de meu ombro – Little Boots e achei o show bem interessante, não achei lá grande coisa, achei que estava eletrônico demais e a cruel dúvida do “auto-tune” ou não se fez presente, mas deixei passar. The Maccabees foram sensacionais, com o tímido vocalista Orlando Weeks sendo super simpático (sim, isso é possível) e arriscando algumas frases em português (o “obrigado” dele é pronunciado perfeitamente) e a banda fez um show consistente, revisitou seus singles e interagiu bastante com os fãs. Tive a sorte de encontrá-los depois do show (só o Orlando, o Felix, o Hugo e o Will, o Sam e o Rupert não saíram) e eles foram super simpáticos, abraçaram eu e minha amiga – menos o Orlando, a timidez falou mais alto – e tiraram foto, conversaram com a gente um pouco e eles foram super legais. O Felix ficou preocupado quando eu comecei a chorar, fiquei morrendo de vergonha, mas ele disse que estava tudo bem e realmente, estava tudo ótimo, são rapazes incríveis e extremamente modestos e bem simples, não tem aquela coisa de “diva”, são perfeitos. Vi um trecho do show do Garbage e achei a Shirley bem animada – ri um pouco quando ela começou a correr em volta do palco onde fica o baterista, haha – e o show do Kings Of Leon foi meio travado, na falta de termo, não os achei tão animados como todos dizem mas, tirando isso, o festival em si valeu a pena, só a chuva não colaborou. Mas faz parte.

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