Psicodelia Tupiniquim – Oito Músicas do Forno

the outs

Uma viagem: Essa é a definição desta seleção recheada de músicas psicodélicas. Tem muito som nela, mas iremos abordar aqui as que foram lançadas do fim de 2016 até mês passado, já que as que saíram quando o ano estava prestes a acabar foram trabalhadas neste maravilhoso 2017.

Coloquem seus fones, conectem-se nas caixas, e boa viagem a todos.

Cosmos Amantes – Mantra da Sereia do Lago Sereno

Esta faixa da banda carioca traz de forma introspectiva riffs ótimos e o baixo “estralando”. Entre lo-fi e space rock, a “sujeira” vai criando uma bola de neve psicodélica. Uma piração que te prende e te deixa ali, perdido, querendo mais sem saber do quê. Cada elemento jogado nessa água cria o curso desse rio organizadamente com talento. A arte ilustra bem, e expõe toda essa mistura no caldeirão. Uma obra maravilhosa, seja nas cores, seja no recorte daquelas mãos em tom vintage sobre aquelas flores lindas e, é claro, com o universo ao fundo. 

Tagore – Pineal

O riff de baixo já abre com efeitos, um ambiente do universo que Tame Impala frequenta. A forma calma e suave que se desdobra nos incute essa sensação de paz, e você é apenas carregado por ela até o final. A faixa é o que dá título ao álbum, cuja capa também é incrível. O pessoal que faz artes para as bandas psicodélicas está de parabéns. A capa é algo que eu não consigo explicar, há universo, estrelas, uma ave que corta um extraterrestre (?) atrás, e um gato que é afagado pelo ser. Indescritível, mas lindo demais.

Peixefante – Homem Sol

Talvez, daqui a mais pop. O groove toma conta nessa música. Ela integra o magnífico segundo álbum, que leva o mesmo nome da banda, lançado neste ano. É daquelas para um bom rolê, até surgir elementos que nos tiram de órbita. É a tal da “fritação“, uma desconstrução absoluta. A capa leve traz dois duendes sentados embaixo de uma árvore e um castelo no fundo, quase que sem repetir cores que se casa. É algo muito bonito, eu colocaria de quadro em casa

The Outs – Ainda Me Lembro

Essa é a minha paixão. Uma das melhores bandas do underground, com um tom anos 60, que nos remete muito a The Beatles em uma fase psicodélica. Eles costumam ter o vocal mais claro do que outras bandas brasileiras da área. Refrão que cola, não há como desfrutar. Não é daquelas paradas que te deixam um pouco perdido não. Você dança, canta e curte demais, sem enjoar.  As artes do grupo sempre são ótimas, a do disco que contém a faixa, Percipere, nem se fala. Um ser ao meio com uma galáxia o preenchendo, a natureza o abraça por trás, sobrepõe um céu com tons rosas ao fundo.

Trem Fantasma – Dias Confusos

Mais um pouco de psicodelia clara com letra introspectiva, sobre o turbilhão que são os acontecimentos em nossa vida. E logo vem o baixo fazendo as cordas dançarem com o tema. Tudo muito bem casado, tudo independente, mas andando junto rumo a uma obra. 

Astralplane – Perigo

Tente imaginar aquele jeito MPB de se levar uma letra na melodia, um pouco de Caetano, Gil, Os Mutantes, e toda aquela cena psicodélica tupiniquim dos anos 70. É isso que esses quatro caras de Salvador trazem para o som deles. Mas isso é só pra te guiar e dar um norte também, porque se o objetivo de uma banda é fazer um som que seja a sua própria cara, que se dê um nome, eles conseguem cumprir exatamente esse objetivo. Com melodias psicodélicas-praieiras, aquela coisa gostosa de se ouvir dando tanto aquela relaxa quando se extravasando dançando feito um louco. A voz vai te guiando mar adentro de uma letra poética, e quando chega no refrão meus amigos, não tem como não cantar junto. De forma tranquila e pausada, se faz o contraponto com o “Êeeeeh, acelerou”. Duas palavras definem o clipe: “coisa linda”.  

Chapa Mamba – No Lombo da Tartaruga

Esses caras são incansáveis, todo ano lançando um material bom demais. Chapa Mamba veio em 2017 com o álbum Presente e muitas de suas letras carregam críticas a sociedade. Filhos de Pink Floyd, é uma boa para quem curte a famosa fase crítica da banda inglesa. Com melodias surreais casadas com letras realistas, o som vai te prendendo cada vez mais para ouvir sobre nós. Introspecção construtiva. O fim da música nos apresenta uma desconstrução total, aquela famosa “fritação” aparecendo aqui também. Na capa, vemos três crianças demarcadas, cada uma com um número em si, o que com certeza esconde ali algo a se pensar mais, junto ao som incrível da banda. 

Bike – Do Caos ao Cosmos

Riff que chama, bateria desenfreada, essa piração toda para e você logo é consumido por uma paz absurda. A voz meio distante, como quase toda música psicodélica, é diferente de outras faixas aqui nessa lista que tem claridão vocal. Nessa, o vocal já honra a psicodelia, te levando para fora da galáxia, trazendo aquela libertação. A música faz jus ao nome do álbum, Em Busca da Viagem Eterna. Que essa viagem nunca acabe. A capa do single nos mostra uma garota meditando, banhada de simbologia, coisa mais linda. 

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