Faixa a Faixa: Tulipa Ruiz – “Dancê”

Tulipa-Ruiz-Dance

Se você é desses que acompanham a carreira de Tulipa Ruiz há um tempo e sempre curtiram seu trabalho, aceite: Dancê é o melhor lançamento da cantora até hoje, capaz de surpreender os antigos fãs e ganhar todo um novo público que ainda não teve contato com sua obra.

A cantora parece expandir o conceito de canção popular (ou de música pop mesmo) em músicas com referências bacanas, produção caprichadíssima e aquela interpretação primorosa de quem sabe usar sua voz como timbre por si só dentro das faixas. Ao vivo, o disco consegue crescer ainda mais, além de mostrar seu propósito de entreter ao colocar o público pra dançar enquanto acompanha a poesia sempre esperta de suas composições.

Música Pavê, de queixo caído com o disco, deixa aqui algumas de suas impressões sobre cada música de Dancê.

##Prumo

“Começou”, mas quem vai tomar conta de você é a própria música – não apenas essa primeira faixa, mas o que vier a partir dali. Esquece, cara, você acaba de ser contagiado. Tem a ver com o baixo, com os instrumentos de sopro que surgem aos poucos e, principalmente, por toda a atmosfera construída em torno da letra. A introdução ideal pra te colocar no ritmo do disco. (André Felipe de Medeiros)

##Proporcional

Proporcional é uma canção com baixo e metais bem definidos. Ela está muito bem incorporada ao Dancê e todo o clima de felicidade que o álbum pede. A voz da Tulipa é marcante e faz a faixa terainda mais cor. Queria saber dançar. (Guilherme Canedo)

##Tafetá

Pode ser que de cara você não reconheça a voz que acompanha Tulipa Ruiz nessa faixa, mas aquele balanço e aquela classe ao piano só poderiam significar uma coisa: João Donato. Talvez por isso Tafetá pareça vir de outro tempo para o presente, de uma época em que tudo era ritmo e balanço e estilo e atitude e parecia trilha de novela da Globo. A voz continua doce, mas a música ousa na letra e traz uma combinação delicinha de sopros e percussão que remete à bossa do mestre Donato. Por outro lado, essa sonoridade também reafirma a sofisticação e a atemporalidade da menina Tulipa, deixando mais claro do que nunca que está no caminho pra virar gente grande. (Nathália Pandeló)

##Elixir

Qualquer um com problemas para dormir vai se identificar com essa. Se não for o seu caso, não tem prejuízo, visto que fica difícil não se deixar impressionar pelo som refinadíssimo que sabe usar a tensão do ritmo acelerado e timbres rasgados para interpretar a letra e aproveitar ao máximo a dinâmica das variações dentro da faixa. Complicada e perfeitinha. (André Felipe de Medeiros)

##Reclame

Com sua voz de flor, Tulipa desabrocha em Pai de Santo e nos entrega uma melodia super dançante. Na mesma esperança de quem apela pra esse tipo de coisa, nos faz ver beleza num anúncio tão bizarro quanto cotidiano. Alguém bota ordem lá nos espíritos, que agora só querem saber de dançar. (Anna Rinaldi)

##Expirou

Qualquer pessoa que tenha vivido o suficiente para saber que as coisas mudam, de uma hora para outra; qualquer pessoa que tenha feito escolhas difíceis na vida lida com a eterna pergunta do “o que será?” O que teria sido a vida se a gente tivesse seguido reto ao invés de hesitar e virar numa curva fechada à direita. Quantos acidentes de percurso e quantas dúvidas nos cercam. E quantas certezas que duram pouco. E tanta saudade do que a gente nem sabe se teria sido bem assim, daquele jeito, exatamente perfeito como na imaginação… mas o momento passou, expirou e tudo mudou. E a roda louca e gigante da vida girou para nos deixar alguns passos mais à frente em um novo lugar. Aquela saudade do que não foi é o que fica. (Mariana Martins)

##Jogo do Contente

Quando ouvimos Jogo do Contente pela primeira vez, identificamos de cara a levada e a letra esperta que já são marcas registradas de Tulipa Ruiz. Colocada no meio de Dancê, a canção poderia ser “só mais uma música da Tulipa” não fosse a ponte matadora com os versos: “E quando o sol não chega, vai / E quando a lua some, vai / E quando chove muito, mais”, nos quais a voz de Tulipa atinge níveis estratosféricos e nos faz perguntar “Imagina se ela cantasse sempre nesse registro?”. O último “mais” é ao mesmo tempo o anúncio do apocalipse e de uma catarse divina, e a sensação só se multiplica quando Tulipa canta esse verso ao vivo. Um bom momento em Dancê que nos lembra como Tulipa é capaz de transformar uma palavra (ou um grito) numa tatuagem capaz de marcar qualquer música sua com uma aura única e envolvente. (Luis Gustavo Coutinho)

##Virou

Era pra você gostar em mim só das coisas que escolhi te mostrar, era pra eu não sorrir ao lembrar do seu sorriso. Era pra ser algo momentâneo, epidérmico, derretível. Agora, no entanto, já era: Fomos. Se é difícil controlar uma pessoa – seja eu ou você-, quanto mais duas juntas. Dancemos. (André Felipe de Medeiros)

##Físico

Essa música lembra abertura de novela da década de 1990. Lembra o lado Marina Lima de cada mulher. É uma balada divertida e leve que não deixa de ser a tradução de qualquer relação atração superficial. O ritmo traduz perfeitamente o assunto da música. Pouco interessa se no fim da canção você se lembrará da letra. O que interessa é se divertir com a troca de um momento teu com a Tulipa, tudo “puramente físico”. (Mariana Martins)

##Oldboy

No meio de tanta música pra dançar em um disco precioso pela ambição sonora e evolução de Tulipa e sua banda, Oldboy é a música que nos lembra da beleza melancólica e épica que marcava tantas faixas nos seus dois primeiros discos. Nesse sentido, ela não fica devendo nada a faixas como Do Amor, Sushi e Bom. E que atmosfera! Pro ouvinte imerso num tema tão difícil, fica uma mistura de tristeza e conforto ao escutar os versos “Um dia você vai descansar sem perceber. Vai ser natural e legal adormecer.”. Depois de Víbora no show da nova turnê, Oldboy fica ainda mais arrebatadora. Uma música pra revisitar o resto da vida. (Luis Gustavo Coutinho)

##Algo Maior

É uma faixa interessant,e porque ela não é fácil. Ela remete bastante à MPB antiga, dos festivais, porém com traços modernos, contemporâneos, que deixam a canção ainda mais sublime. O instrumental acelera, diminui, acelera ainda mais, e tantos detalhes nos prende pela riqueza. Excelente! (Guilherme Canedo)

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