Entrevista – Zebra Zebra

Seriedade. Quem ouve por cima o som bem-humorado da Zebra Zebra pode não ter essa palavra em mente para descrever o trabalho da banda, mas um olhar atento e um contato mais sólido logo revelam como eles pensam cada detalhe da sua comunicação e se empenham com muito suor para entregar um produto excelente ao público. O álbum Cabeças Novas Também Mofam está disponível para download gratuito no site da banda e um passeio pela Internet revela não só a ótima música, mas videoclipes que traduzem muito bem as canções. Conversamos com Kennedy Liu, vocalista e guitarrista da Zebra Zebra, sobre os clipes e o trabalho de divulgação do disco. Ele afirmou: “Tem gente que prefere pagar jabá. A gente prefere suar a camisa na produção dos clipes” – e nós aqui concordamos.

MúsicaPavê: Qual é a participação que vocês tem na concepção dos videoclipes?

Kennedy Lui: A nossa participação é de praticamente 100%. Eu sou editor de vídeo freelancer e participei da elaboração de todos roteiros e editei os vídeos: Já dizia Minha Vó, O bicho e o Diamante e o mais recente Canção de Amor nº6. Na maioria das vezes a equipe técnica é formada por integrantes da banda e amigos profissionais da área. O nosso esquema é bem “Do it yourself” por dois motivos: necessidade e porque somos muito preocupados com a qualidade de qualquer material nosso lançado, desde uma entrevista como essa a um disco novo. A nossa sorte é que tem muita gente bacana sempre envolvida conosco nessas nossas produções. Os cineastas Ricardo Santini e Mauricio Franco já participaram de dois clipes, o designer André Seitsugo desenvolveu logotipo, camisetas e encartes, o fotografo Mauricio Ito faz nossas fotos de divulgação e shows. E tem sempre gente nova e talentosa querendo participar dessas produções do Zebra Zebra. Juntos discutimos as idéias e cada um coloca em pratica o que foi proposto. Tudo na camaradagem, mas jamais perdendo qualidade.

MP: Qual a importância de uma banda hoje, em 2011, investir em clipes?

Kennedy: A importância é monstruosa desde que você escolha uma musica legal e faça uma produção que gere algum impacto. Um bom clipe mantem a musica “viva” por muito mais tempo, é um bom cartão de visitas para produtores de festivais, sem contar que dá imagem para o conceito da banda. Funciona como uma extensão do seu conceito artístico. O Zebra Zebra pode afirmar com certeza que os clipes foram as peças que mais trouxeram retorno. Com o primeiro (Sobre mulheres e flores) ganhamos 2 prêmios festivais de cinema, e foi exibido na TV Globo para uma audiência estimada de 1 milhão e 200 mil pessoas. Com o Já dizia minha vó, mais 5 prêmios, exibição na TV Globo para 1 milhão e 400 mil pessoas, exibição na MTV e Playtv. O clipe de O bicho e o diamante (terceiro da banda) continua rodando alguns prêmios e festivais, está sendo exibido em programas da MTV e Playtv. E o mais recente foi de fato uma grande surpresa. Ele virou vinheta na programação da MTV, depois disso começaram a surgir ofertas de shows. Recentemente estivemos em Fortaleza e algumas pessoas de lá foram no show porque tinha visto a vinheta do clipe na MTV, de apenas 40 segundos, mesmo sem ter ouvido uma musica inteira. Tem gente que prefere pagar jabá. A gente prefere suar a camisa na produção dos clipes.

MP: Qual desses clipes foi o mais especial até agora?

Kennedy: Cada um tem um gostinho diferente. O primeiro é o primeiro; O Já dizia minha vó, na minha opinião, é o mais bonito e elaborado; O de O bicho e o diamante foi numa parceria com um diretor estrangeiro (o argentino Mariano Dawidson), o que torna a experiência interessante; O de Canção de amor nº6 teve um custo de R$0 e trouxe muito retorno. Isso é fantástico. Mas já que temos que sair do muro…ficamos com o Já dizia minha vó. Rodado em película, bolex, as senhoras jogando bocha, e o set mais engraçado de todos tempos.

MP: O zebrazebra.com.br está super bonito e funciona super bem, mesmo tão simples. Como vocês queriam trabalhar a identidade visual lá?

Kennedy: Não dizem que menos é mais? A gente queria um site que desse pra baixar as musicas e com os nossos links. Pedimos isso pros nossos amigos do Famigerado Estúdio e pronto. Estamos trabalhando num site mais completo, mas não podemos negar que o site espalhou de verdade nossa musica.

MP: Vocês fizeram o clipe do O Bicho e o Diamante seguindo a comunicação visual com os olhos pintados ou aproveitaram a idéia do clipe para fazer as fotos de divulgação?

Kennedy: Fizemos o clipe cerca de um ano depois da foto. A gente sempre teve vontade de usar essa referencia da foto em algum outro material e no clipe de O bicho e o diamante caberia perfeitamente. Pintamos a cara e mandamos bala. Eu acho que deu um toque especial pro clipe. As pessoas geralmente lembram desse detalhe e do bicheiro careca, nosso amigo ator Seth (uma figura!).

MP: E a capa do disco Cabeças Novas Também Mofam, como foi criada?

Kennedy: Não existe uma explicação muito racional pra capa. A gente queria uma imagem que gerasse estranhamento, curiosidade. Se uma pessoa olhar a foto e pensar “que porcaria” ela toma logo na seqüência a frase “Cabeças novas também mofam”. É preciso abrir a cabeça e entender que a imagem pode até dizer muita coisa, mas ela não tem obrigação nenhuma de fazer isso. O conceito da imagem é meu e o foi clicada pelo Mauricio Ito, que adora e me ajuda muito nessas viagens. É bom lembrar que o peixe não sofreu mau trato.

Já dizia minha Vó

O Bicho e o Diamante

Canção de Amor nº6

Sobre Mulheres e Flores

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4 Comments on “Entrevista – Zebra Zebra

  1. “Já dizia a minha vó” é um dos melhores clipes nacionais que vi ultimamente, parabéns pra banda! E adorei que as velhinhas tenham ganhado hahaha

  2. Pingback: Zebra Zebra – Dois Copos d’Água | Música Pavê

  3. O título do álbum já é uma pancada… a resposta que eles deram só complementou tudo isso.
    Adorei.

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Feito para quem não se contenta apenas em ouvir a música, mas quer também vê-la, aqui você vai encontrar análises sem preconceitos e com olhar crítico sobre o relacionamento das artes visuais com o mercado fonográfico. Aprenda, informe-se e, principalmente, divirta-se – é pra isso que o Música Pavê existe.