Entrevista: The Mispers

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The Mispers é uma banda novíssima do Reino Unido com uma sonoridade bem peculiar do que vem surgindo no mundo musical ultimamente e com histórias bem inusitadas. A começar pelos integrantes, uma junção de culturas, com músicos da Austrália, Colômbia, Escócia e Brasil. Sim, somos representados pelo gaúcho Diego Belmonte, principal guitarrista do grupo, que abriu os últimos shows de Kodaline na Inglaterra e até pouco tempo dividiu palco com Saint Raymund.

Como o projeto se iniciou em Londres, então nada mais justo do que nomeá-lo como uma banda britânica, que está hoje assinada com a gravadora B-Unique (Kodaline, James Bay, Kaiser Chiefs) e dá “sold out” em várias casas inglesas em shows solo numa quarta-feira.

Esta semana é marcada pelo lançamento do novo EP, Weekend, que coincidentemente já toca nas rádios paulistanas há um mês.  Conseguimos uma entrevista com o próprio Diego, na qual ele contou um pouco do mundo de The Mispers por terras britânicas e aproveitou para dar sua opinião sobre a cena alternativa do Brasil.

MP: Vocês não estão há muito tempo na estrada e já estão tocando em lugares que dificilmente abririam as portas se vocês fossem sozinhos na cara e coragem, devido as aberturas recentes para Saint Raymund e Kodaline. O que significa pra vocês? Quão diferente é tocar nas melhores casas de shows da Inglaterra e da Europa?

Diego Belmonte: Ah, cara, é diferente. Quando nós fazemos os nossos shows, em que somos os headliners, nós temos um público de 500 a 600 pessoas, mas, quando você toca com estas bandas grandes, é muito louco, tem fila de gente esperando. A gente tocou em lugares em que eu vejo Jack White e acho massa, saca?  Como são shows maiores, a música muda, tudo é mais potente, mais alto, e quando tu tá escrevendo uma música e sabe que vai tocar em lugares maiores, ela sai um pouco diferente, saca?

MP: Estar assinado com uma gravadora mudou muita coisa na banda? Qual foi a principal mudança que você sentiu?

Diego: O projeto fica maior, né? O interessante é que tu perde um pouco de controle, não é mais aquela banda com o teus brothers, saca?  Tem todo um time atrás. A nossa gravadora é muito tranquila, eles não se metem na música em si, saca? Os caras ajudam, porque todo mundo quer que dê certo.

MP: Há uma mistura de culturas na banda, quanto isso ajuda e atrapalha?

Diego: Dá para te dizer que a gente é bem diferente, saca? Tanto com a música como nos modos de lidar com as decisões. Mas tem um momento em que tu tem que chegar num meio termo, né? Mas eu acho que o ponto positivo destas culturas foi em relação a música, com certeza. Um dos lances do The Mispers é que não entra bem num gênero de música categorizado, saca? Tem gente que fala que somos pop, rock, alternativo, indie, e isso é uma coisa legal, saca?

MP: Numa outra entrevista, foi mencionado que você foi o músico que mais precisou se lapidar para se encaixar no contexto da banda. É verdade?

Diego: Ah, eu me lembro desta entrevista. Cara, tem um pouco de verdade nisso, mas na verdade são cinco pessoas no estúdio e todos tem que se adaptar um pouco, não é tocar qualquer coisa. Temos que tocar de maneira espontânea, mas ao mesmo tempo tem que trabalhar em cima e lapidar.

MP: Voltando ao assunto do EP, do qual vocês lançaram a pouco tempo, há uma intenção de lançar um álbum inteiro logo?

Diego:  A gente não sabe bem quais as músicas que a gente vai gravar, mas o plano é começar a gravar em maio. Talvez ano que vem deve sair o trabalho novo.

MP: E como esses trabalhos na praça, tocando em lugares grandioso, com bandas renomadas, você já pode afirmar que The Mispers deu certo?

Diego: Cara, eu não sei se já chegamos lá ainda (risos); É tão louco, saca? São altos e baixos tão fortes. Estamos indo fazer uma turnê nos Estados Unidos em junho, mas não temos ideia de como o álbum vai sair, se a galera vai aceitar ou não, ou tipo, não temos nenhuma música que tem milhões de views, saca? Eu tento não ter muitas expectativas, pra falar a real. É um processo gradual, porque você tem que lidar com tantas coisas, mas ainda não tive um momento em que pude dizer “bah, estourou”, entendeu?

MP: Ao estar em outro continente e tocando numa banda dita inglesa, qual é a sua percepção em relação ao reconhecimento do seu trabalho?

Diego: Cara, a coisa mais radical que vi aqui e difere daí é a infraestrutura em volta das bandas. Certamente tem bandas boas no Brasil, mas como estas bandas vão fazer para ir a um próximo nível é difícil. Eu acho que é importante passar por uma gravadora, saca? Não é uma regra, mas não tem gravadoras suficientes no Brasil, eu vejo, o que tem gosta de investir em coisas mais rentáveis, lógico. Nada contra nenhum tipo de som, mas um som mais alternativo é difícil. Eu pelo fato de ser brasileiro, quando vou as reuniões da nossa gravadora, e quando os caras vão falar de estratégia de mundo, aonde tu vai lançar primeiro e quando tu vai lançar um single em cada lugar, percebo que a América do Sul é o último lugar que a galera quer investir, sabe? Bandas no Brasil que persistem até hoje são heróis, porque não é fácil mesmo.

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