Entrevista: Foreign Figures

Foreign-Figures

Os caras são de Utah, já tocaram em casamento para ganhar uma grana e comprar os equipamentos. Hoje, conseguem colocar no mínimo 300 pessoas numa casa para lançar um álbum com apenas as suas músicas e ainda deixa mais uma centena de fãs pra fora, sem ingressos. Foreign Figures tem histórias curiosas, por começar da origem da banda: todos vieram do mundo religioso, frequentavam a mesma igreja e compartilham da mesma fé. O engraçado é que isso não os transformou em uma banda gospel, pelo contrário, eles uniram as forças e as crenças e formaram um grupo com um som bem moderno, com uma pegada bem Imagine Dragons e Bastille, mas com uma vontade única de continuar fazendo as músicas e atingir um público bem maior.

Nesta entrevista divertida, na qual vários integrantes de vez em quando falavam ao mesmo tempo, os cinco Foreign Figures conversaram com o Música Pavê sobre o início da banda e o futuro (entretanto, parte das falas são creditas ao vocalista, Eric Michels).

Música Pavê: Me lembro de assistir ao cover de Coldplay que vocês fizeram, de Sky Full of Stars, e gostei bastante porque soou diferente da original. Qual foi o propósito de gravar esse cover naquela época? Foi importante pra vocês?

Foreign Figures: Isso foi há um ano, nós gravamos na verdade para uma competição que entramos aqui em Utah, num grande estádio, Rice Eccles Stadium, uma arena gigante de futebol, e nós precisávamos de um novo vídeo, um material novo para a competição, então a gente pensou “que som poderíamos fazer um cover?”, e pessoalmente eu sou um puta fã do Coldplay, na época eles lançaram Sky Full of Stars, eu pensei “cara, este som é perfeito, tem uma batida!” e então decidimos gravá-la. Não teve tanta visualização assim quando lançamos, mas, dois meses depois do lançamento, foi uma grande surpresa pra gente. Tinha pessoas nos mandando mensagem do gênero “poxa, venham tocar na Indonésia” e a gente pensava “bom, quando tivermos dinheiro, talvez iremos pra lá”. Foi incrível!

MP: Eu li numa entrevista recente que vocês vieram de uma igreja, ou seja, são religiosos. Há algo gospel na música de vocês?

FF: Eu não nos classificaria como uma banda cristã. Eu não diria que nossas músicas são necessariamente sobre religião ou algo espiritual, mas pra mim, que sou o escritor da banda, eu diria que é mais sobre a minha vida pessoal, as coisas boas que eu passo e as coisas más.

MP: Mas os fãs de vocês entendem este passado religioso?

FF: Claro, nós não temos medo de dizer que somos membros de uma igreja, a música que fazemos é mais sobre o queremos ser, sobre uma energia positiva e não sobre “você tem que acreditar nisso, você tem que acreditar naquilo”, nosso público acredita no que eles quiserem.

MP: Talvez não seja uma comparação apropriada, mas eu vejo algo em vocês parecido com U2, porque Bono é visto como um homem cristão, e algumas músicas da banda soam como música cristã, mas eles não são uma banda gospel porque não é assim que eles começaram. Vocês se veem assim também?

FF: Eu diria que é bem próximo, porque há muita gente que tem culturas diferentes e nós queremos alcançar um público maior, não só o público do lugar onde moramos, em Utah, e nós quer falar numa língua universal para conectar com as diferentes emoções e eu estou inspirado, sabe? Essa é a minha motivação e minha proposta de objetivo, eu quero levar nossa música para o mundo. Não ter um rótulo, do tipo “isso é o que nós somos, nós rezamos, esta mensagem é melhor que a sua cultura”. É bom porque, ao invés disso, nós queremos aproximar as pessoas por meio da música e apenas música, nada além do que isso.

MP: Nos conte um pouco sobre a produção do trabalho Come Alive.

FF: Quando eu comecei a escrever essa música, era mais sobre a minha vida pessoal, eu estava imaginando o que eu queria ser. Eu fui até o terceiro ano de psicologia na faculdade e eu pensava que talvez eu fosse um psicólogo ou um terapeuta, e eu fui numa conferência em que eles falavam sobre fazer o que você ama, correr os riscos da vida, e eu gastei muito tempo da minha vida fazendo música, mas eu ia pra faculdade pra algo a mais e eu pensei “por que eu vou à faculdade de psicologia quando na verdade eu acabo sempre fazendo música?”, então esse trabalho foi mais um pouco sobre eu pensando sobre o que eu queria pra minha vida, quem eu sou, pra onde eu quero ir. Eu nem imaginava que iríamos ter um vídeo para Come Alive, e um amigo nosso ouviu a música e teve a ideia de misturar várias culturas do mundo num vídeo só. Ele primeiramente ouviu a música e falou “cara, essa música tem vibe cultural incrível”, porque a gente colocou algumas baterias africanas, assim como marimba, e ela é bem pra cima,  e as pessoas que já escutaram nos disseram “essa é uma boa música para a Copa do Mundo” ou “É uma boa música para a FIFA”. Eu posso ouvi-la num comercial, então a gente agora está trabalhando neste tipo de estratégia com alguns amigos.

MP: Verdade. Quando eu vi o video pela primeira vez, eu senti algo em tê-la como tema da Copa do Mundo. E por que não? 2018 está logo aí.

FF: Sim, por que não? Bom saber!

MP: E sobre os shows em Utah? Estão tendo um retorno bacana do público?

FF: A gente acabou de ter uma festa para lançar o EP numa casa de shows local e vendemos todas as entradas. Tinha umas 300 pessoas lá dentro e outras 100 lá fora. Foi uma apresentação incrível. Eu não esperava ver todo mundo curtindo como eles curtiram. As pessoas receberam as músicas muito bem, eles estavam se divertindo bastante com a gente.

MP: Eu presumo que vocês não tem um repertório próprio inteiro ainda, como vocês preenchem o tempo de show?

FF: Nosso set list é comprometido no nosso álbum, Come Alive, mas nós temos um monte de músicas novas que iremos gravar em breve. Nós não queríamos gravar Come Alive e então esquecê-lo, a gente quer atingir o mercado e divulgar o CD por mais uns seis meses ou mais, daí sim iremos lançar mais músicas. Mas, sobre o repertório, nós temos alguns covers. Na verdade, a gente tocava em casamentos antes para fazer dinheiro para comprar nosso equipamento, então temos um punhado de covers. Aprendemos algumas coisas de Muse, Temper Trap, Imagine Dragons, Coldplay e One Republic.

MP: E quão difícil é ser independente em Utah?

FF: Para ser honesto, eu gosto muiti da liberdade que temos, porque nós que tomamos as decisões com as músicas, sobre os lugares onde iremos tocar, sobre os lançamentos dos sons. A única coisa que eu sinto que falta agora é a exposição, não ter as conexões para ter nossas músicas expostas… mas estamos trabalhando juntos há anos, mesmo com a formação nova, então, independentemente disso, estamos indo bem e estamos com vários planos e metas.

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