Entrevista: Datarock

O show tinha acabado e eu estava em transe, a banda era uma das coisas mais divertidas que já tinha visto. O ápice foi quando, no final do show, eles cantaram junto com toda a platéia “I’ve Had The Time Of My Life”, mostrando que o Datarock não é uma banda comum. Todos eles se vestem com um macacão vermelho, e conseguem extrair de você até a última gota de suor.

Me aproximei do palco, onde a equipe já retirava os instrumentos, e falei com um deles para chamar o Tour Manager. Entrei na área reservada com meu singelo gravador de voz, cujas pilhas estavam presas com um elástico, esperei outra entrevista terminar e ainda uma última leva de fotos com algumas pseudo-fãs. Fui então informado que a entrevista não poderia ser feita no camarim e uma lágrima quase desceu do meu rosto, pois o calor estava insuportável e o barulho era grande, assim minha pobre aparelhagem não iria gravar o som em uma qualidade boa.

Por sorte, o vocalista Frederik me convidou a entrar no camarim, avisando que a entrevista teria que ser rápida. Com tudo pronto, logo percebemos o bom humor da banda, quando ele perguntou se seria filmado e tentou, com a nossa resposta afirmativa, incrementar o seu dote com uma lata de Pringles. Sim, foi isso mesmo que você leu.

E foi nesse clima que conversamos, esse bom humor fantástico e que fez a Datarock ser tão bomo com é. Disse que a entrevista era para um pequeno site do Brasil e que estava honrado com aquela oportunidade; Ele me agradeceu de volta avisando que também era a primeira vez que dava uma entrevista para um pequeno website no Brasil.

Música Pavê: Como a Datarock foi formada?

Frederik: Com uma piada, 10 anos atrás, por alguns estudantes em seu tempo livre e por diversão, sem levar nada muito a sério. E 10 anos depois tínhamos feito 800 shows em 33 países.

MP: Quais foram as mudanças mais significativas desde que a banda foi criada até agora?

Frederik: Provavelmente essas roupas vermelhas.

MP: E qual o sentido disso?

Frederik: Não têm sentido. As melhores coisas do mundo não têm sentido. Começou quando fomos fazer a capa do primeiro disco, pois queríamos que ela fosse reconhecida mesmo se estivesse em um formato muito pequeno, por isso escolhemos as cores laranja e rosa. E por aí acabamos escolhendo essas roupas. Por exemplo, nós podemos tocar em um grande festival e, por causa dessas roupas, podemos acabar na capa de uma grande revista. Então é tudo cínico, especulativo e ainda assim genial.

MP: Como é para vocês na Noruega (País de origem da banda), vocês têm grandes fãs lá?

Frederik: Não temos um número muito grande de fãs lá, mas alguns deles são muito grandes, como por exemplo, alguns tem quase 3 metros de altura e são bem gordos.

Na verdade, com o passar dos anos acabamos virando a banda principal, em vários shows e nas rádios. Então é como se fosse a casa da banda mesmo, para a nossa grande surpresa. Toda a cena musical de lá é muito agradecida, pois nós levamos os nomes deles para o resto do mundo. (brincando) Mas na verdade eles nos odeiam. Na verdade não.

MP: O que você pode nos falar sobre o albúm novo?

Frederik: Como sabemos, o CD é coisa do passado; E queríamos fazer algo físico que as pessoas pudessem gostar muito. Queríamos fazer um release de vinil, mas que fosse digital. Então mandamos para o nosso Designer de brinquedos, e ele criou um diamante com um pen drive dentro. Então o “Rock” (“rocha” em inglês) é o brinquedo e o “Data” (“dado” em inglês) é o pen drive, então é um “Datarock”.

MP: Como é ter o seu próprio selo?

Ferederik: Eu odeio aquele selo. Do jeito que eles nos tratam é horrível. Mas o contrato foi assinado e eles pegam todo o nosso dinheiro. Mas como somos o selo, nós somos os idiotas também, eu também odeio aquela banda (a própria Datarock). Eles estão tocando demais, gastando todo o nosso dinheiro, tendo muita diversão e nós só trabalhamos. Mas gostamos de ter o nosso próprio selo.

MP: Qual foi o melhor show que vocês já tocaram?

Frederik: Não temos um melhor show. Aliás o show hoje foi incrível.

MP: Qual a maior diferença entre tocar em lugares pequenos e em grandes festivais?

Frederik: Esse lugar não é pequeno para nós no Brasil, é na verdade bem grande e foi muito divertido. Em lugares pequenos, você presume que eles conhecem a sua música, então você tem que se esforçar mais.

MP: Como foi tocar aqui em 2007?

Frederik: Foi o máximo, nós não tínhamos distribuição do CD aqui e antes de subir [no palco] alguém nos disse que o público era de aproximadamente 7 mil pessoas, e eles sabiam as letras e catavam junto. Foi espetacular e foi a primeira vez que percebemos que a distribuição viral é ótimo. Isso é algo que uma gravadora ou selo não pode fazer por você. E tudo aquilo foi graças a downloads ilegais, MySpace e a energia da Internet, e nós agradecemos muito por isso.

MP: Vocês conhecem alguma banda brasileira?

Frederik: Nós temos uma favorita que se chama Sepultura.

Leia mais entrevistas exclusivas no Música Pavê

Compartilhe!

Shares

Shuffle

Curtiu? Comente!

Comments are closed.

Sobre o site

Feito para quem não se contenta apenas em ouvir a música, mas quer também vê-la, aqui você vai encontrar análises sem preconceitos e com olhar crítico sobre o relacionamento das artes visuais com o mercado fonográfico. Aprenda, informe-se e, principalmente, divirta-se – é pra isso que o Música Pavê existe.