Entrevista: Camila Maia

Em uma tarde de outono, conversei com a mineirinha Camila Maia por telefone, uma semana depois de termos nos conhecido pessoalmente no lançamento de seu videoclipe Lembranças, que marca o início de uma nova fase em sua carreira que vem com o disco Novo Dia, produzido por Rique Azevedo e João Milliet, da Lunablu. A Camila adolescente, que teve sua canção Eu Não Sou Uma Flor na trilha sonora de Malhação, dá espaço para uma cantora de belíssima voz em seus 22 anos, naquela fase da vida adulta em que os elementos “menininha” se transformam em “femininos” sem perder os sonhos e o romantismo pop presente em seu trabalho. Como seus conterrâneos, Camila fala tranquilamente, quase cantarolando, com aquele misto de orgulho e carinho por ter chegado onde está e a ambição determinada de quem ainda tem muito o que caminhar. Veja o que ela tem a dizer sobre sua carreira e o novo clipe na entrevista exclusiva abaixo.

Música Pavê: Como é fazer um segundo videoclipe? É muito diferente de fazer o primeiro?

Camila Maia: Nossa, foi completamente diferente. No primeiro, eu era muito novinha, eu tinha 16 anos, e a primeira vez é sempre mais difícil. Eu era mais tímida, não sabia o que fazer com aquele tanto de câmera, aquele tanto de gente e o frio na barriga. Nesse, o Diego Freitas (diretor do videoclipe) também é novo, tem a minha idade, e ficou super animado com a música e com meu trabalho, então a gente fez tudo juntos. Eu tive  liberdade de dar idéias, de palpitar, a gente pensou tudo junto desde o comecinho. Fui atrás até dos objetos (de cena), fiquei andando por São Paulo procurando um abajour (risos). Foi mto divertido, ele me deu mto espaço, eu podia falar “não to gostando disso, não tô confortável nessa posição”, e ele dizia “vamos ver um outro jeito de fazer isso”. Foi muito especial.

MP: E quais foram essas suas idéias que você queria em Lembranças?

Camila: Eu gosto muito de clipes dinâmicos. Tem que ter uma historinha pra contar a história da música, eu não gosto de clipes em que a pessoa não faz nada, só canta, então eu queria muito contar o conceito do disco Novo Dia, mostrar uma nova Camila. Eu quis passar essa idéia e ficou bem bacana. A gente quis inovar, fizemos uma filmagem com textura mais envelhecida, não ficou com aparência normal.A gente tinha como referência os clipes da  Adele, e o stop motion – que ficou super legal – veio da referência do Skank, Noites de um Verão Qualquer.

MP: E como foi ver ele pronto, depois de tanto envolvimento na produção?

Camila: Nossa, foi a melhor parte! Quando você grava um clipe, você já quer ver ele pronto amanhã (risos), mas demora. Ficou como a gente tinha pensado. Eu amei e tô feliz porque as pessoas estão dando um retorno super positivo.

MP: Conte sobre o conceito do Novo Dia, o quanto ele nos deixa conhecer uma “nova” Camila?

Camila: É uma outra Camila mesmo, em um disco muito autobiográfico. As pessoas vão me conhecer mesmo porque é tudo o que sou e tudo o que as pessoas podem esperar é uma Camila mais determinada, que está correndo atrás para se mostrar ao mundo. As pessoas vão me conhecer muito pelas letras também. Desde que começamos a compor as músicas, a gente brincava: “Esquece que este disco vai ser lançado, vamos fazer o disco que queremos fazer e se der certo, ótimo. Se não der, paciência”. Eu não queria fazer algo artificial, fazer o que tá na moda, mas poder mostrar quem eu sou mesmo, não um personagem. Não dá pra fingir sempre, uma hora a máscara cai e as pessoas ficam sabendo quem é sincero e quem não é.

MP: E seu envolvimento com a arte do disco, como foi?

Camila: Participei de tudo, inclusive dessa questão da capa, da foto. Quem fez foi o Heitor Florence. Com ajuda da Valentina (Pires, também da Lunablu), a gente comprou o tecido, a gente alugou poltrona, fomos atrás de um toque retrô que eu queria pro disco porque eu gosto muito disso tudo, da saia alta até o cabelo levantado atrás.

MP: Você parece se interessar bastante por esse cuidado visual, tanto que até lançou um blog que – entre outras coisas – dá dicas de maquiagem e aparência.

Camila: O blog tá muito engraçado, eu quis fazer algo que tivesse informação nova sempre pra eu me aproximar ainda mais dos fãs. Eu entro muito em sites e em blogs de beleza, mas nunca tinha me encontrado de verdade. Aí, fiz um trabalho super legal com a Kika Brandão, convivemos por um tempo e ela me deu muitas dicas. Isso já tá em mim, hoje sou eu quem escolho minhas roupas para os shows, para as entrevistas, e é assim que eu me visto no dia a dia mesmo (mas é claro que nos shows a gente usa algo mais chamativo, ninguém quer ver o de sempre no palco).

MP: A gente tá conversando bastante sobre se mostrar, mas eu imagino que isso nem sempre é fácil. Qual é a maior dificuldade nisso para você?

Camila: A maior dificuldade é se colocar a prova das pessoas sempre, dando a cara a tapa. Muita gente vai gostar, vai elogiar, e outros – já que você dá liberdade para criticar – vão falar só por maldade. A pior parte é essa, é um trabalho em que você tem que se expor muito, quanto mais mostrar a cara é melhor, mas pode passar pode passar por coisas chatas e ser muito seguro. E eu tô super segura, o disco tá a minha cara mesmo. Se gostarem, ótimo. Se não, eu estou preparada.

Lembranças

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