Diretor: Nabil Elderkin

nabil elderkin

Nabil Elderkin, ou apenas Nabil, é um cara que acompanhamos aqui no Música Pavê há um bom tempo. Fotógrafo e videomaker, ele é o responsável por muitos clipes que se tornaram favoritos nossos nos últimos anos com um misto irresistível de espetáculo visual e fantasia realista.

Trazido ao Brasil pelo m-v-f (Music Video Festival), sentamos com ele por alguns minutos para conversar sobre seu estilo, música e, é claro, videoclipes.

Música Pavê: Na sua opinião, o que faz um clipe ser bom?

Nabil Elderkin: Primeiro de tudo, algo que não tire a atenção da música. Também, algo criado para que você tenha uma emoção. No fim, alguma coisa que você queira assistir de novo e compartilhar com alguém. Mas é importante que passe um sentimento, sabe? Eu amo videoclipes, eu passo metade do dia no Vimeo vendo o que as pessoas fazem.

MP: Você trabalha com pessoas de diferentes lugares no mundo. Você nota diferenças nas maneiras que as pessoas fazem videoclipes?

Nabil: Acho que os clipes britânicos são melhores, no geral. Eles fazem narrativas muito bem. Não estou dizendo que nos Estados Unidos não tenha gente fazendo coisas incríveis, mas [na Grã-Bretanha] não é só algo bonitinho com uma fotografia bonita, é um soco no estômago.

MP: Você já trabalhou com músicos conhecidos por sua grande criatividade, como Kanye West, James Blake, Frank Ocean e Justin Vernon (Bon Iver). Quanto eles se envolvem no processo criativo de fazer um clipe?

Nabil: (Enfático) Eles não mandam nada. (risos) Teve um ou outro só, com Yannis (Foals) nós conversamos mais sobre Late Night, eu dei a ideia inicial da banda tocando em um hotel e coisas estranhas acontecendo, com o nariz escorrendo e tudo começou dali. E com Antony and the Johnsons, o vídeo faz parte de um conceito muito maior de feminismo futurista, então debatemos muito como seria também. Porém, no geral, eu só escrevo minhas ideias e eles aprovam.

MP: Iniciativas para promover videoclipes em um nível mais sério, como o m-v-f faz ou mesmo nós do Música Pavê, são raras. Você acha que as pessoas não dão valor o suficiente para essa linguagem artística?

Nabil: É estranho, porque é com clipes que as coisas acontecem. São os clipes que constroem as carreiras dos músicos que as pessoas idolatram. Clipes influenciam filmes de cinema. Clipe deixam as músicas melhores. Veja M.I.A., por exemplo – com todo o respeito, Maya é minha amiga -, seus vídeos levam suas músicas para outro nível. Kanye também, sua música é incrível, ele é um dos meus favoritos, ele nunca esteve de brincadeira quando o assunto é videoclipes. E tantos diretores contribuíram para o audiovisual através dos clipes. Chris Cunningham sempre foi um dos mais importantes, e Spike Jonzefuck – ele acabou de ganhar um Oscar. Entende? Não dá pra dizer que clipes não são importantes.

MP: Você acha que você tem um estilo próprio de direção?

Nabil: Eu acho que meu estilo pessoal é fazer… coisas legais (risos). Não sei, espero que não, eu não quero ter um estilo. Quero que meu estilo seja awesome (risos). Entende? Eu não quero ser o cara que sempre faz alguma coisa específica, quero ser só… bom. Que você acha?

MP: Eu vejo que há um elemento em comum na maioria das suas obras, que é algo mais fantástico, fora do real.

Nabil: Ah, eu adoro realismo mágico, obrigado. Adoro coisas que surpreendem. “Fantástico”, adorei. Vou encarar isso como um elogio (risos).

MP: Como você escolhe seu próximo projeto?

Nabil: Pela música. Eu acabei de fazer um vídeo da Little Dragon que tinha um orçamento bem pequeno, mas eu gostei da música e quis fazer.

MP: Você diz muito “não”?

Nabil: Eu quase só digo não. 80% das vezes é não. É uma questão de feeling, ou se eu já estou envolvido com outro trabalho

MP: Que papel a música tem na sua vida?

Nabil: Tudo. Música é a coisa mais importante do mundo. Até o jeito que vocês brasileiros falam, isso é uma coisa que me impressionou na primeira vez que eu vim, o jeito que vocês falam é poético. Eu nem sei o que vocês estão dizendo, mas quando eu ouvi O Rappa, a voz do cara parecia uma bateria.

MP: Que diretores você recomenda que a gente fique de olho?

Nabil: Deixa eu pensar. Na França, tem Megaforce. Não gostei muito do clipe da Madonna, mas tenho certeza que é porque ela estava envolvida. O vídeo da Yeah Yeah Yeahs é um dos melhores clipes que saíram nos últimos tempos.

MP: Ele foi escolhido pelos leitores do Música Pavê como um dos melhores do ano passado.

Nabil: Sério? (Falando para o microfone) Fuck you, guys! Não, brincadeira! (Risos)  Gosto de Woodkid, ele filma poesia. E você de quem você gosta?

MP: Canada tem coisas legais.

Nabil: É, mais ou menos.

MP: The Daniels também.

Nabil: The Daniels! Esses sim. Você viu o novo deles? É maluco, sabia que aquele é o próprio Dan? Gosto muito deles. Na Inglaterra, tem Ryan Hope… lá eu gosto de muita gente.

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