Delvindelux: Uma viagem de David Bowie a James Brown

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Era quarta-feira de fevereiro, eu acho. Estava procurando por um telefone do curador Sesc da Pompeia pra oferecer minha banda supimpa na Mostra Prata da Casa. Não sei por que cargas d’água, mas me passaram o contato de Anthony Gordin (só pra esclarecer, não foram funcionários do SESC, mas sim um amigo) como curador de lá. Adicionei-o no Facebook, ele me respondeu, pedi o celular, ele me passou e lá fui eu ligar. Ele atendeu, me deixou falar por trinta segundos sobre o meu pedido, logo me cortou “Hã? Não entendi”. Nem eu. Final da história: Anthony Gordin era apenas um músico que iria se apresentar neste projeto bacana do Sesc, mas passava longe de ser o curador. Ok, fiquei sem graça, pedi desculpas, desliguei o celular e fiquei caducando comigo mesmo porque me passaram ele como o responsável do negócio. Bom, pra minha sorte, Anthony é o vocalista de Delvindelux, uma banda brasileira sensacional, uma mistura de James (aquela mesmo de Manchester) com David Bowie e até mesmo James Brown. É sério. É tudo isso numa banda legal só. Descobri tudo isso devido a uma ligação errada.

Bom, passado aí uns dois meses ou um mês e meio, o contato com Anthony ainda continua e agora eu o entrevistei de verdade para entender mais como Delvindelux funciona. Na entrevista abaixo, vocês entenderão quem são estes caras.

Música Pavê: Como Delvindelux começou?

Anthony Gordin, da Delvindelux: Começou a partir do momento em que a vontade de compor (uma vontade que existe desde muito jovem) finalmente nasceu no berço da criação do nome “Delvindelux”, que não só é um nome, mas um conceito de vida. A banda no começo era focada no duo Pedro Strelkow no baixo e eu tocando bateria e cantando, mas tocávamos bastante com nosso amigo e grande guitarrista Junior Boca. Gravamos o primeiro EP só o Pedro e eu, ele tocou baixo e eu todos os outros instrumentos. Este EP ficou pronto no fim de 2005. Entre 2003 e 2005, tocamos pouco ao vivo. Eu viajei pra fora do país no fim de 2005 e só voltei no começo de 2010, então pode-se dizer que ouve um tempo de dormência, mas eu sempre continuava a compor quando eu podia. Ao voltar, a banda se fixou num trio, o Pedro no baixo, eu na guitarra e cantando e o nosso amigo e baterista Samuel Fraga. Fizemos vários shows nesse formato. Eventualmente, nosso amigo Zé Nigro bondosamente apresentou a ideia de produzir o disco que temos agora. As bases de treze músicas foram todas gravadas em três dias pelo Zé Nigro no baixo, Samuel Fraga na bateria, Junior Boca na guitarra e eu na guitarra também. O processo da produção toda durou mais de um ano. Todos envolvidos são talentosos produtores, mas o foco da produção ficou com o Zé Nigro e Samuel Fraga – eu presente com minhas opiniões. O Dustan Gallas produziu maravilhosamente a canção Love. Temos a benção de ter amigos extremamente talentosos que se agregaram a gravação e produção, pessoas muito talentosas como Dustan Gallas e Fernando Catatau. O Gustavo Lenza masterizou o disco.

MP: Vocês são de 2003, ou seja, há onze anos a banda está na estrada. Ainda em 2003, a Internet era algo que estava dando os passos lentos no Brasil. Como foi para vocês no início divulgarem as músicas?

Anthony: Divulgávamos tocando ao vivo, boca a boca, flyers passados de mão em mão.

MP: Todo artista independente presa por esta liberdade artística e gerencial. Vocês tem pretensões de tentar ainda uma gravadora, mesmo que seja menor, ou o independente é o que há?

Anthony: Nós acreditamos em agregar merecidamente. Desde que tenhamos a liberdade de nos comunicarmos exatamente como sentimos, com transparência e respeito, tá tudo certo. Pode ser o tamanho da gravadora que for, independente ou não.

MP: O rock e o funk é o que define o Delvindelux?

Anthony: A princípio, creio que sim, porque todos gostam muito de rock e amamos fazer as pessoas dançarem e se sentir bem, mas nos todos ouvimos tudo quanto e tipo imaginável de som, e isso tudo influencia o que fazemos.

MP: Suas danças no palco lembram bastante dois vocalistas importantíssimos: Tim Booth, do James, e Michael Stipe do REM; é isso mesmo?

Anthony: Eu conheço a banda James, mas nunca tinha visto o Tim Booth dançar. Pesquisei na Net e o cara é ‘mó’ legal dançando! Fico feliz com a comparação (risos). Curto Iggy Pop, Mick Jagger, Morrissey, James Brown, David Bowie, mas não tenho uma referência especifica em termos de dança, gosto, assisto e tento aprender com tudo que me passa verdade, poder e carisma, tento absorver o máximo e aí fica tudo ali no subconsciente, na alma, pra aparecer quando é preciso. É muito talento por aí então fica difícil definir, mas o fundamento é tentar me entregar completamente e passar algo de verdadeiro.

MP: Quais bandas novas do Brasil você destaca por fazer um som envolvente?

Anthony: Lamber Vision, Submarinos, Junior Barreto e um poeta magnífico, MarginalS.

MP: Quais os planos para Delvindelux para daqui dois anos?

Anthony: Continuar tocando música que venha do nosso coração e tentando fazer o máximo de pessoas felizes o possível no processo.

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