Coletiva com Fiuk: As Impressões que ficam do Popstar

Fim-de-tarde em São Paulo, um grupo variado de convidados se reuniu no estúdio do Terra Sonora para uma coletiva com o ator e cantor Fiuk, um dos grandes ídolos juvenis hoje no país. Com um punhado de perguntas escritas em algum lugar, havia uma que me vinha à mente de dois em dois minutos: “O que é que eu gostaria de saber sobre ele?”.

Assim como a maioria esmagadora da nossa população, já tinha ouvido sobre ele das mais diversas formas, seja pela questão familiar (filho do Fábio Jr., meio-irmão da Cléo Pires), as milhões de fãs espalhadas pelo território nacional ou pelos consequentes haters que toda personalidade querida por muitos acaba por ter, mas tive pouco contato com seu trabalho, em parte pelo lugar comum de não dar um voto de confiança a alguém que tem tanta exposição por motivos que não levam seu talento em consideração. Enquanto a coletiva não começava, os tuiteiros, blogueiros, jornalistas e cólírios da Capricho estavam em clima de brincadeira, como se todos esperassem a chegada de alguém que não poderia ser levado a sério.

fiuk no terra sonora

Quando Fiuk entrou no estúdio (cumprimentando todos, algo simples que grande parte das “estrelas” prefere não fazer), não tentou esconder o quanto era consciente disso. Comenta sem muitos freios cada um desses aspectos, mas com aparente tranquilidade e confiança no que faz e em quem é. Ele se atrasou porque estava em outro evento desses e a exaustão causada pela promoção de seu primeiro disco solo, Sou Eu, era outro aspecto que ele não tentava esconder.

Repito que ele não escondia essas coisas porque sua sinceridade, literalmente, “impressiona”. Vê-lo animado conversando sobre o álbum, sobre como encara seu trabalho como arte e não como um produto, afirmando e reafirmando que faz tudo “de coração” e, principalmente, as muitas vezes que ele menciona as palavras “medo” e “cansado” dá a impressão que estamos observando quem verdadeiramente é o garoto de 20 anos que diz estar ficando velho por ter quase 21, que olha nos olhos quando conversa com alguém e chama as pessoas pelo nome (novamente, aspectos simples da humanidade que muitas estrelas com metade da fama dele já perderam).

Aos poucos, fui entendendo que o que eu mais queria saber dele era justamente como ele sobrevivia a tudo isso, o que ele fazia questão de responder sem que ninguém perguntasse. O Fiuk acaba sendo mais apelido do que personagem do Filipe (seu nome como consta no RG), um moleque que caiu no clichê de ter sido, ao mesmo tempo, abençoado e amaldiçoado pela fama e que acaba percorrendo um caminho diferente para chegar onde quer, um que tem seus próprios obstáculos. Prova disso é a expressão que ele faz com as perguntas sobre sua vida pessoal, um misto de irritação e desistência nos olhos, com a consciência de que não importa o que ele diga, será a resposta errada.

fiuk no terra sonora

Fui atrás da música dele e o som, confesso, não me agradou não. Mas tudo bem, ele é super novo e tem muito tempo para acertar ainda pela frente. “Se eu tenho um talento é coragem”, disse ele em algum momento da coletiva. Disse que chega em casa para descansar e fica planejando seus próximos passos, trabalhando 24 horas por dia. Disse também que tem ouvido muito John Mayer. Soma-se tudo isso ao acesso que ele tem aos melhores recursos no país e já não é mais tão difícil dar-lhe o voto de confiança para que um dia ele faça algo que eu vá gostar. Quem sabe?

Dois dias depois do evento, posso responder pra mim mesmo que o que eu mais gostaria de saber era se eu conseguiria respeitá-lo como artista, o que sinceramente não é difícil depois dessa experiência. Fica pra mim a lembrança de um garoto cansado, a vontade de dizer “Gente, dá um tempo pra ele” e a mesma expressão de irritação e desistência quando alguém não aprovar qualquer ação dele “por ele ser o Fiuk”.

Gente, dá um tempo pra ele.

Compartilhe!

Shares

Shuffle

Curtiu? Comente!

3 Comments on “Coletiva com Fiuk: As Impressões que ficam do Popstar

  1. Pingback: Música Pavê

  2. Pingback: Fiuk com Jorge Ben Jor – Quero Toda Noite : Música Pavê

Sobre o site

Feito para quem não se contenta apenas em ouvir a música, mas quer também vê-la, aqui você vai encontrar análises sem preconceitos e com olhar crítico sobre o relacionamento das artes visuais com o mercado fonográfico. Aprenda, informe-se e, principalmente, divirta-se – é pra isso que o Música Pavê existe.