Cinco razões para gostar de Rebecca Black

Sei a média da idade dos leitores do Música Pavê, então posso arriscar e dizer isto: Rebecca Black não foi feita para você. Ao mesmo tempo, não existem motivos para você não a conhecer. A “nova sensação da Internet”, de apenas 13 anos de idade, está há dias nos Trending Topics do Twitter e já aparece em listas de “mais vendidos” nos Estados Unidos. Ou seja, se você ainda não viu o clipe do hit Friday, queremos te apresentar a essa pérola da cultura pop que está nascendo diante os nossos olhos. Olha só:

Calma, não há nada de errado com você: Friday é mesmo horrível, em um nível que há muito tempo não víamos fazer tanto barulho. A voz de Rebecca é feia mesmo com autotune, a letra não diz absolutamente nada e o clipe vai do nada ao lugar nenhum. Mesmo assim, existem algumas razões para a gente curtir o novo fenômeno:

1. A ingenuidade da pré-adolescência

Rebecca é tão criança que permitiu ser registrada sem chapinha para nos mostrar como ela acorda, além de não disfarçar bem uma protuberante espinha na bochecha. Em um mercado tão plástico, esse descuido só pode significar muita coragem ou muita ingenuidade mesmo.

2. Uma letra que permite a fácil identificação

“7 horas, acordo de manhã, preciso estar pronta, preciso descer a escada. Preciso pegar minha tigela, preciso comer meu cereal. Vendo tudo isso, o tempo passa”. São poucos os compositores que conseguem registrar o cotidiano adolescente de forma tão simples. No caso, o mérito é dos produtores Clarence Jey e Patrice Wilson, da gravadora Ark Music, que capricharam na identificação do seu público alvo com a canção em versos como “Zuando no banco da frente, sentada no banco de trás. Preciso me decidir: Onde devo sentar?“.

3. Uma letra de precisão indiscutível

Na dúvida, é sempre melhor arriscar pouco e só falar o que se tem certeza. Sobre isso, Jey e Wilson fizeram Friday ser dotada de uma precisão indiscutível na exposição dos fatos: “Ontem foi quinta-feira, hoje é sexta-feira. Estamos muito animados, vamos nos divertir muito hoje. Amanhã é sábado e o domingo vem depois. Não quero que o fim-de-semana acabe”. Alguém contesta?

4. Tudo é melhor entre amigos

Friday foi financiado pelos próprios pais de Rebecca, que querem investir na carreira da filha. Como todo bom contratado, a Ark Music fez o possível para atender aos pedidos da família Black, o que inclui ter as amiguinhas da menina no clipe. E esse é o único motivo lógico para o pior casting da história com as duas coadjuvantes mais inexpressivas que um videoclipe já viu. A da esquerda fez chapinha pela primeira vez e está curtindo muito passar seus dedos no cabelo. Na hora de dançar, faz alguns movimentos com o braço que logo viraram um gif animado dela tocando uma sanfona já espalhado pela Internet. Já a da direita era tão sem graça que o editor decidiu esconder sua expressão abobalhada atrás da vignette. Ela não deve ter gostado, mas tudo o que não precisávamos era de mais uma causa de estranhamento no vídeo.

5. A possibilidade de argumentos citando Rebecca Black

Se alguém descobrir no seu iPod alguma música de Justin Bieber, High School Music, Restart, RBD, alguma boy band dos anos 90, alguma girl band dos anos 90, Thalia, Luan Santana ou o novo disco do The Strokes, você poderá argumentar: “Pelo menos, não é Rebecca Black”. Novamente, incontestável.

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1 Comments on “Cinco razões para gostar de Rebecca Black

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