Fotógrafa: Carolina Vianna

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Nem sempre o que estudamos na faculdade é o que nós realmente amamos. É muito comum alguém encontrar sua verdadeira paixão fora da universidade e acabar trabalhando em uma área diferente. Foi isso que aconteceu com a fotógrafa Carolina Vianna. Depois de ter se formado em publicidade e trabalhado na área, decidiu seguir carreira com o que realmente curtia: fotografia. Hoje, Carolina já tirou fotos de shows incríveis e trabalha frequentemente com a banda Baleia.

O Música Pavê bateu um papo muito legal com a fotógrafa, no qual ela contou um pouco sobre como começou, suas influências e a aventura que é tirar fotos de shows.

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emicida

Justin Bieber

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joão capdeville

Música Pavê: Vi que você fez faculdade de publicidade e até chegou a trabalhar na área. Como a fotografia entrou na sua vida durante esse período? Era algo que você sempre pensou em fazer?
Carolina Vianna: A fotografia entrou na minha vida bem antes da faculdade. Meu avô fotografava muito e, logo cedo, aquilo despertou minha curiosidade. Com o passar dos anos, a vontade de trabalhar como fotógrafa foi crescendo, mas aos 18 anos eu não fazia ideia de como as pessoas faziam pra ser freelas. Acabei optando por publicidade porque achei que fosse uma faculdade que me daria muitas possibilidades criativas (bullshit, foi uma frustração só!)

MP: Qual foi o momento em que você percebeu que sua vida profissional seria como fotógrafa?
Carolina: Quando depois da faculdade eu trabalhava com publicidade e estava ficando cada dia mais infeliz. Comecei a procurar outros fotógrafos pra ver como a coisa funcionava. Uma super amiga que já era assistente me ajudou a entender o caminho que eu tinha que fazer e daí pedi demissão da empresa em que eu estava e fui atrás da vida de fotógrafa.

MP: O que te motiva a fotografar? Quais são suas influências?
Carolina: Acho que o que me motiva é o prazer imenso que eu sinto quando eu faço uma foto boa, essa sensação de completar um quebra cabeças depois de um trabalho que eu acho que o resultado foi muito bom! Minhas influências básicas são de caras clássicos como Avedon, Annie Leibovitz e Irving Penn, mas, ao mesmo tempo, eu sou obcecada com imagens macabras e/ou esquisitas e passo bastante tempo pesquisando coisas nesse sentido, e, nesse ponto, minha musa máxima é Diane Arbus, que consegue fazer algo simples e bizarro. Mas isso só pra começar, acho que muita coisa me influencia, zilhões de filmes, discos, artistas visuais, as pessoas que eu encontro pela vida.. Acho que, se a gente fica quietinho e presta atenção, o mundo vira um grande filme cheio de referências pra gente ir guardando na cabecinha e deixando elas se misturarem pra na hora da foto a gente ter em mente exatamente o que a gente quer e fazer o possível pra chegar lá.

MP: Você trabalha em várias áreas diferente da fotografia – fotos de shows, retratos, backstage, comerciais etc. Qual deles você senti mais prazer em fazer? Existe alguma preferida?
Carolina: Sim! O retrato. Pra fazer um bom retrato, existe um equilíbrio muito doido entre controle da situação e deixar rolar a cena, é quase como um teatro improvisado, sabe? Você tem uma idéia, mas ao mesmo tempo precisa deixar as coisas acontecerem, porque a foto não é sua, a foto é o resultado da sua interação com o fotografado. Você observa a pessoa, daí sugere algo, o cara entende alguma coisa que tenha a ver com ele e interpreta com o corpo, daí você vai e pede mais alguma coisa, e assim vai até que a gente tenha as fotos. Acho esse vai e vem uma delícia!

MP: Quais fotos você acha que mostram melhor o seu estilo?
Carolina: Eu gosto muito dessas fotos da Isabel e essa da Marina. Acho que elas tem uma simplicidade complexa (risos) que é o que eu sempre busco numa foto e, nesses dois casos, acredito que fui bem sucedida!

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MP: Na hora de fazer seu trabalho, existe alguma diferença na hora do clique, dependendo se é um show ou um retrato? Como o ambiente influência na hora do trabalho?
Carolina: Sim, claro! É tudo diferente! O equipamento é diferente, no show eu levo menos coisa que pra um retrato (mas, em compensação, pra retrato eu levo assistente que carrega tudo!), a luz do retrato é totalmente feita por mim, enquanto no show eu preciso lidar com o que o iluminador fez. No retrato, eu também interajo com a pessoa, ela vai respondendo à minha direção, enquanto no show eu vou clicando o que vai acontecendo e como vou vendo. Na hora de fazer um retrato, quanto mais vazio e quieto o lugar, melhor pra mim, consigo imaginar melhor o que fazer. Já no show, quanto melhor o som e a empolgação do público, mais empolgada eu fico também e acho que as fotos ficam melhores!

MP: Para você, quais características devem estar em evidência na imagem para que a energia do show seja transmitida pela foto?
Carolina: Eu acho que a foto tem que ser o mais simples possível. Acho que, quando uma imagem é simples, ela se torna mais forte, ela mostra exatamente o que não se pode tirar do artista, algo como buscar a simplicidade pra achar o essencial.

MP: Quais desafios você encara quando está fotografando um show?
Carolina: O tempo. Às vezes, a gente só pode fotografar as três primeiras músicas, às vezes até menos. Quando eu fotografei o Stevie Wonder, a gente só podia clicar o primeiro minuto da primeira música e o último minuto da terceira – clicar e contar os minutos! O espaço, tem show que tem muitos fotógrafos, então a gente não consegue se movimentar muito no fosso, tem que sossegar num lugar e fazer o possível dali. Tem casas que não tem fosso, então é complicado clicar no meio da galera também, especialmente se o lugar estiver cheio, com muita gente na frente, braços, cabeças. E, por fim, a luz, que eu não sei exatamente se é uma dificuldade porque uma luz ruim também é boa.. rola um sujinho bonito quando o lugar é escuro. Acho que só não dá luz de led, isso não tem como embelezar por nada nesse mundo.

Stevie Wonder

MP: Sobre levar menos equipamento para fotografar um show, você acha que isso torna o trabalho mais fácil ou difícil?
Carolina: É menos coisa sim, mas é difícil porque não tem como eu ficar com um assistente andando atrás de mim carregando tudo, então eu carrego o peso todo, o que as vezes é meio limitador, mas a gente se acostuma.

MP: Como surgiu a oportunidade de trabalhar com a banda Baleia?
Carolina: O Bruno, produtor da banda, estudou comigo na faculdade e acompanha meu trabalho desde o comecinho. Quando ele começou a trabalhar com eles logo me chamou pra fazer as fotos.

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MP: Gostar da música da banda que você está fotografando influencia na hora do trabalho? De que jeito?
Carolina: Claro! Eu gosto de fotografar música porque, antes de mais nada, eu sou uma groupie! Quando eu sou fã da banda, o trabalho fica muito mais prazeroso, mas, ao mesmo tempo, as chances deu me distrair porque a vontade de cantar e dançar são grandes!

MP: Que músicas você tem ouvido ultimamente? A música influencia o seu trabalho?
Carolina: Tô ouvindo direto o CD do César Lacerda, o Paralelos e Infinitos, a música nova da Baleia, Volta, e o Reflektor Deluxe, do Arcade Fire. A música influencia tudo que eu tô pensando da vida e como eu estou me sentindo, então acho que indiretamente influencia o trabalho também, mas não é algo direto, tipo “vou fazer essa foto baseada nesse música”.

MP: Se você pudesse fotografar qualquer banda ou artista do mundo, quem seria?
Carolina: 
Minha lenda favorita, o Bob Dylan.

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of monsters and men

 

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onagra claudique

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